#04 - Hoje eu só queria reclamar dos docs que não conseguirei ver
Algoritmos, In-Edit e os documentários musicais
Não sei você, mas eu adoro documentários musicais. Como artista, acho inspirador. Lembro de lá por volta de 2011 baixar docs como o do Tom Zé e o do Wilson Simonal no trabalho, gravá-los em uma mídia virgem de DVD para depois assisti-los no meu quarto, numa TV velha, de tubo, um dos momentos mais gostosos da minha vida na fase jovem adulta.
Aí corta para 2021. Pandemia. Eu morando com a minha companheira na casa da minha sogra para onde fomos antes do mundo acabar e moer nosso sonho de estar ali para juntar uma grana para um mochilão pela América do Sul, assistindo, no quarto, agora numa TV smart, a documentários que não precisei baixar e que só me custaram algumas moedas para assisti-los.
In-Edit Brasil. Já ouviu falar?
É um Festival Internacional do Documentário Musical. Já está em sua 17ª edição, então, o conheci beem tardiamente.
Por lá, no site, assisti Alzira Aquilo Que eu Nunca Perdi (2021), Todas as Melodias (2021) e Belchior - Apenas um Coração Selvagem - acho que esse foi em 2022, procurei meu cadastro para verificar se estava registrado, mas não tem mais essa opção de login no site. Uma pena.
Também assisti Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista (2023), só que desta vez, presencial, no Centro da Terra. E embora, me lembre de ter me sentido um pouco claustrofóbica ao descer até lá, num ano em que não estava muito bem por causa de ansiedade em desequilíbrio, foi uma experiência tão boa. Eu adoro conhecer lugares culturais e nesse dia, além de conhecer o Centro da Terra, conheci o teatro Lira Paulistana, pelos olhos de um de seus fundadores, Riba de Castro, que inclusive, estava lá, e nos presenteou com o livro que escreveu sobre tudo o que rolou por lá, no Lira Paulistana, além do filme que dirigiu, e isso me lembrou tanto a Casa Clam, um espaço cultural independente que movimentou intensamente a cena da cultural da minha cidade, Guarulhos, na década passada. Mas isso é papo para outra hora.
A verdade é que ultimamente parece que eu tô sempre atrasada para os eventos mais legais, porque os algoritmos não têm me entregado o que eu gostaria. Talvez eles não concordem comigo. Mas hoje esfregou na minha cara uma entrevista com o diretor Emílio Domingos, que está com três docs no In-Edit deste ano, Anos 90: A Explosão do Pagode, Os Afro-Sambas, o Brasil e Baden & Vinicius, e As Dores do Mundo - Hyldon, que estreou no Cine Sesc no domingo (15).
Eu fiquei puta, claro. Perdi esse. Aí fui doida fuçar a programação dos docs que, além do Cine Sesc está rolando na Cinemateca Brasileira e no SPCine Paulo Emílio. No primeiro me frustrei porque só tinha sessão d´Os Afro-Sambas hoje, às 15h e do Pagode na quinta, no mesmo horário. Quem consegue ter esses horários livres? A, os artistas. Sim, embora seja feriado não conseguirei ir por conta da montagem de Do Ré Mi Fu, na Funarte [peça que atuo como sonoplasta].
Agora acho que aqui o algoritmo já percebeu o meu desespero e me mandou a propaganda de uma camiseta da série de Cinema Brasileiro e já comprei logo três porque a terceira saía “de graça”.
Corri com os dedos para a próxima tentativa. Quem sabe ao menos consigo assistir o do Hyldon, na Cinemateca Brasileira, que será exibido na quinta-feira (19), às 21h, mas não achei nenhuma informação sobre os ingressos e azar o meu por não ter ido antes na Cinemateca e não saber que os ingressos são distribuídos uma hora antes, o que só descobri no perfil do Instagram da instituição, só que além da montagem da peça eu tem o aniversário do meu sobrinho neste dia.
Última tentativa. SPCine Play, porque no SPCine Paulo Emílio não conseguirei ir nas exibições presenciais disponíveis. Fiz o cadastro. Queria ver se conseguiria assistir um dos três filmes do Emílio online. Ilusão. Só tem nove por lá. Mas destes já separei Leci e WR Discos - Uma Invenção Musical para ver.
Mas, esses dois docs que me perdoem. Antes vou aproveitar que a Folha me disse, e assistir ao filme do Ney Matogrosso que saiu hoje na Netflix
.
As notícias de guerras, acidentes de aviões e “operações” do Bope, que me perdoem também. Depois de uma segunda-feira em brasas por conta delas, hoje eu só queria reclamar dos docs que não conseguirei ver.
Se tiver mais sorte que eu, a programação do In-Edit Brasil 2025 tá aqui.
Docs que assisti na década passada e que estão no YouTube:
- Fabricando Tom Zé, é de 2007, foi publicado no YouTube em 2012;
- Wilson Simonal - Ninguém sabe o duro que dei (2009), disponível no YouTube em 2015.
- Daquele Instante em Diante (2011);
- Chico Buarque | Dia Voa (2011);
- Tropicália (2012) - Esse eu tenho até o DVD que pedi de amigo secreto em um Natal em família.
- AC/DC (2012);
- Índio de Casaca - Heitor Villa Lobos (1887 - 1959) - 2013.
Ah tem também Noel - Poeta da Vila (2012), que é um filme, e até Evoé - Retrato de um antropófago (2012) - documentário sobre Zé Celso, essa figura tão importante e emblemática do teatro brasileiro.
Com certeza tem mais. Eu tenho até uma playlist no YouTube com filmes e docs musicas que fiz nessa época. Mas esses aí são os principais.
Até a próxima ; )